Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Reflexão-Síntese: o empréstimo monárquico à república

A mentalidade regimental monárquica que predominou até 05-10-1910, era tão mais sadia e aberta (colectivamente) que, mesmo após implantada a I república (1910 – 1926), ainda prevaleceu para além da aludida data. Os quase 800 anos de abertura colectiva alicerçada no Rei, e das enumeras partilhas intra e inter nacionais, ainda transpuseram algumas fagulhas, dessa anterior chama, para a embrionária república, tendo se materializado, objectivamente, na eleição de dois açorianos na alta chefia do Estado. Concretamente na eleição do 1.º Presidente Manuel de Arriaga (oriundo de famílias aristocráticas) e do 2.º Teófilo Braga (também descendente das mais nobres linhagens portuguesas).
Hoje, passados quase 100 anos, e desde de 1926, não há memória de sequer um PR do Norte (e mesmo um PM ?!)…quanto mais originário dos arquipélagos…!

E, entretanto, o abismo continua mais fundo…
Share |

2 comentários:

  1. Meu caro,

    diz que não há memória de Presidentes da República nascidos no norte? Presumo que por norte designa os distritos acima do Douro (dado que o Norte como entidade político-administrativa não existe). E presumo, ou melhor tenho a certeza, de que nem sequer se deu ao trabalho de verificar a veracidade da sua afirmação. Se assim não fosse teria verificado que Costa Gomes nasceu em Chaves (mais a norte só mesmo a Galiza). E quanto a Primeiro-Ministros, assim de repente, lembro-me de dosi: Sá Carneiro, nascido no Porto, e José Sócrates, nascido em Vilar de Maçada, Alijó, Vila Real.

    Ah! E quanto a arquipélagos, de facto não me recordo de ninguém, mas Pinheiro de Azevedo (foi Primeiro-Ministro, recorda-se?) nasceu em Luanda.

    Mas perdoe-me não entender a sua fixação pelo norte. Será que acima do Douro são mais portugueses do que a sul? E ao fim e ao cabo, os réis não teriam hoje em dia uma tendência para nascer em Lisboa? Bem, por mim é um local tão português como qualquer outro para se nascer.

    E para que não fique a pensar que sou um republicano lisboeta, fique a saber que sou um republicano nascido na Beira Alta e que mora a norte do Douro.

    Cumprimentos

    Paulo Valente

    ResponderEliminar
  2. Caro Paulo Valente,

    Dois agradecimentos prévios:
    1.º) Pela sua participação e contributo;
    2.º) Pela sua frontalidade (qualidade só ao alcance de alguns e que escasseia nos nossos dias).

    Relativamente aos aludidos Chefes de Estado pós 28 de Maio de 1926, referia-me aos eleitos por sufrágio universal, nos termos salvaguardados por este princípio tão protegido pela república (embora esquecido a 05/10/1910). Veja que o Marechal Costa Gomes chegou ao poder (quase) como um Rei, e assim não havia contraste no post.
    Relativamente aos PM´s, e pese embora não ter sido feito um apanhado minucioso das suas origens (daí as interrogações), os mesmos foram um mero acrescento. Porém, muito poucos foram os provenientes da região Norte. Não obstante isso, tratando-se da discussão centrada nos chefes de Estado, os cargos ocupados pelos PM's não eram o mais relevante nesta matéria, incluindo (o distinto) Pinheiro de Azevedo a quem, em tempos, foi dedicado um post neste blogue, afiançando-lhe que sabia que ele tinha sido Primeiro-Ministro… se isso o tranquiliza ?!
    Relativamente ao Norte (conforme presumiu), devo dizer que conheço bem as suas gentes, o seu dinamismo e, se quiser, assumo a minha “fixação” por toda a sua boa gente, pois lá vivi diversos anos. Como igualmente assumo a minha forte convicção que o Norte, e não só, tem sido bastante prejudicado pelo centralismo que, desde de Pombal, nada de revitalizante trás à Nação.
    Quanto à suscitação do grau de nacionalidade por região (Sul Vs Norte), nem sequer se coloca para mim. Porém, as maiores atrocidades que se cometeram no País têm tido epicentro no Terreiro do Paço, destacando o Regicídio. Em contraponto a esse acto terrorista (e calculado), Paiva Couceiro consegui repor a Monarquia em 19 de Janeiro de 1919, na cidade do Porto (cá está!), tendo o movimento ficado conhecido por "Monarquia do Norte".
    Antes de terminar, relembrava que muitos príncipes e Reis da Dinastia de Bragança (Família na sua mais crua origem do Norte), nasceram em Lisboa. Mas respondendo directamente à sua questão: porque não nascerem nos Açores ? Porque não nascerem na Madeira ? Porque não nascerem no Alentejo ? Porque não nascerem no Norte, local das suas origens? Por mim era bem vinda essa mudança e até lhe agradeço a ideia. Pelos vistos, só em Lisboa, pela via como correram e correm as coisas, é que, provavelmente, não seria o melhor local para Eles «hoje em dia» (conforme bem referiu) nascerem.
    Para terminar, digo-lhe que acho Lisboa a cidade (cosmopolita) mais bonita do mundo, gosto dos lisboetas e, em especial, da sua específica (ou especificas [se preferir]) cultura. Lisboa sim, centralismo não!

    Cumprimentos,

    Pedro.

    ResponderEliminar

«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)