Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

sábado, 19 de março de 2011

"Não era bonito Portugal ter um rei?"

Eugénia Carvalho
100 anos

«DELICADA. Nunca perde de mão o lencinho com que seca o suor nervoso de falar com a jornalista. Ri-se muito entre o solta e o tímida. Mulher de fé, era uma operária (...). Não passa sem o seu copo de água morna com limão em jejum e assume-se monárquica: "Não era bonito Portugal ter um rei?"
(...)
Eugénia Carvalho também encontrou o seu porto seguro na casa acolhedora que divide com a filha, septuagenária. Tem cem anos e quatro meses e diz a rir que está "cada vez mais nova!" Amigas, mãe e filha tratam-se por tu. Nasceu em Celorico de Bastos, perdeu o pai tinha 18 meses. A mãe morreu com 89 anos. "Muito caprichosa com o trabalho doméstico", recorda que cantava quando tratava de tudo. Em menina, não lembra de brincar, mas "de aprender a costura". Namorou por carta e garante que nunca discutiu com o marido. Teve três filhos, em casa, um já faleceu. Tem 10 netos e 15 bisnetos, o mais pequenino com sete meses.
Trabalhou como costureira, fazia roupa de homem para as lojas. Sempre comeu de tudo, nunca fez nenhum exercício especial, para além da lida doméstica e da luta da vida. Os filhos nasceram em casa. Nunca foi ao médico, quando era nova. Comeu sempre muito arroz porque o marido gostava. Também nunca faltou "a sopinha de legumes". Dorme no primeiro andar e sobe as escadas sozinha. Só não vai à igreja todos os dias porque não tem boleia. Assume-se monárquica, embora tenha nascido no dia da implantação da República. E diz: "Estou feliz, não tenho queixas. Vivi sempre satisfeita."»

in Revista Única, 12/03/2011, págs. 55-56 (artigo: Eles estão para lá dos 100!).
Texto de Christiana Martins
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«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)