Este é um microcosmo apartidário embora ideológico, pois «nenhuma escrita é ideologicamente neutra*»

*Roland Bartes

Intros: 1 2

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A comunicação e a linguagem encriptada


Porque é que os portugueses andam descontentes e preocupados?
As respostas são simples: não entendem o que lhes é dito (por acção ou por omissão) e, consequentemente, não sabem em quem acreditar. Andamos sem orientação.
O cerne do problema reside no discurso, na linguagem entre: Regime e Povo. A república, e os seus bastiões assentes numa estrutura minoritária de cariz (pseudo) intelectual, sempre falou, através das suas três fases, de forma encriptada com o povo português.
Por isso o nosso desânimo, a nossa falta de reacção, a nossa resignação, o negrume deste povo. Havia uma ligação comunicacional, um entendimento que foi brutalmente interrompido no dia 5 de Outubro de 1910, por intermédio da acção de uns contra a maioria. Ainda hoje somos geridos por uma matriz de interesses minoritários, alheios aos interesses gerais dos portugueses.
Desde aí, a ferida nunca mais sarou. Não andamos de bem connosco próprios, somos um País mal resolvido.
Com os nossos Reis, tal nunca aconteceu. As nossas tradições originárias (entenda-se provindas de outro 5 de Outubro…o de 1143), por um lado, e o nosso verdadeiro progressismo, por outro, sempre foram o modo comunicacional dos nossos Soberanos com os portugueses. Por outras palavras, os nossos Reis sempre souberam falar a linguagem do nosso Povo e este perceber os seus Reis, os seus legítimos representantes. Havia uma harmonia, a harmonia que os países privilegiados hodiernamente com monarquias constitucionais, vêem traduzir-se em progresso e desenvoltura para lidar com os desafios que o futuro lhes coloca. Falta-nos essa capacidade hoje, a mesma que tivemos e perdemos em 1910.
Hoje, em república, não temos nem nunca teremos essa harmonia…não se iludam. O cariz partidário invade todos os tecidos comunicacionais, invade todas as hierarquias, inclusive daquele que devia ser o nosso último reduto de confiança e de neutralidade: o Chefe de Estado. A mancha advém do simples facto que todos contaminaram-se com fenómenos partidários. Esse cariz devia bastar-se apenas pelo Governo e pelas autarquias, mas não é o que acontece, infelizmente. O fenómeno é similar a uma trepadeira de Buganvília que apenas pontualmente - uma vez ao ano - dá alguma cor. Mas no resto do ano, a maior parcela temporal desta planta, anda seca, sem flor e sem cor. Traduz-se em algo meramente visual, aparentemente fantástico mas desprovido de sustentabilidade, algo deveras enganador…por (in)definição. Daí que, para assegurar essa “trepadeira”, é necessário manter uma linguagem “técnica”, encriptada e codificada…para que ninguém questione a sustentabilidade do seu crescimento. Sampaio era prodigioso, quanto a esta matéria…reconheça-se.
Não tenham a menor dúvida: o pior dos elitismos é o intelectual! Posto isto, a associação é inevitável: recordem aquele restrito grupo que “pensou” a república para uma Nação de 767 anos e concluam sobre aquilo que hoje temos e somos…?
Ora, mesmo que entre em funções um novo Governo da república, o que certamente irá acontecer, pode este eventualmente melhorar a nossa situação e imagem perante o estrangeiro. Contudo, será uma “nova” política de remedeio, de concerto e arranjo. Nada mais do que isso…!
Para voltarmos a ser nós próprios, para voltarmos à ribalta, aquela que há mais de 100 anos já não estamos, isso, é mais que sabido, inclusive para alguns pensadores portugueses da actualidade, que só com uma mudança de ideias e de ideais, com uma mudança de Regime, que no meu modesto entendimento seria mais facialmente enquadrável com: uma nova e moderna Monarquia em Portugal.
Foto - ruisc_pt.
Share |

Sem comentários:

Enviar um comentário

«Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-Los» (Alexandre Herculano)

«(…) abandonar o azul e branco, Portugal abandonara a sua história e que os povos que abandonam a sua história decaem e morrem (…)» (O Herói, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro)

Entre homens de inteligência, não há nada mais nobre e digno do que um jurar lealdade a outro, enquanto seu representante, se aquele for merecedor disso. (Pedro Paiva Araújo)

Este povo antes de eleger um chefe de Estado, foi eleito como povo por um Rei! (Pedro Paiva Araújo)

«A República foi feita em Lisboa e o resto do País soube pelo telégrafo. O povo não teve nada a ver com isso» (testemunho de Alfredo Marceneiro prestado por João Ferreira Rosa)

«What an intelligent and dynamic young King. I just can not understand the portuguese, they have committed a very serious mistake which may cost them dearly, for years to come.» (Sir Winston Leonard Spencer-Churchill sobre D. Manuel II no seu exílio)

«Everything popular is wrong» (Oscar Wilde)

«Pergunta: Queres ser rei?

Resposta: Eu?! Jamais! Não sou tão pequeno quanto isso! Eu quero ser maior, quero por o Rei!» (NCP)

Um presidente da república disse «(...)"ser o provedor do povo". O povo. Aquela coisa distante. A vantagem de ser monárquico é nestas coisas. Um rei não diz ser o provedor do povo. Nem diz ser do povo. Diz que é o povo.» (Rodrigo Moita de Deus)

«Chegou a hora de acordar consciências e reunir vontades, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse» (S.A.R. Dom Duarte de Bragança)

«Depois de Vós, Nós» (El-Rei D. Manuel II de Portugal, 1909)

«Go on, palavras D'El-Rey!» (El-Rei D. Manuel II de Portugal)